Segunda-feira, 31 de Agosto de 2009

Comparações

“O crescimento compra a felicidade nos países extremamente pobres, mas a partir do momento em que a nação atinge determinado nível de renda (…), acréscimos adicionais de renda não se traduzem em ganhos de bem-estar subjectivo. (…)

            Décadas de forte crescimento económico nos Estados Unidos, Europa e Japão na segunda metade do século XX muito pouco ou nada alteraram as proporções de indivíduos felizes e infelizes na população dos respectivos países.”

                                                                             Felicidade, Eduardo Giannetti

           

            No plano internacional os estudos mostram que um aumento proporcional entre riqueza e felicidade dá-se até um nível em que os rendimentos se situam entre os 15 mil e 20 mil euros anuais. A partir daí mesmo que um país enriqueça não aumentará a felicidade e bem-estar dos seus cidadãos.

E depois… Nós, os seres humanos, sobretudo, comparamos. Em pesquisas realizadas nos últimos 20 anos a etnia enuit do norte da Gronelândia, assim como os massai do Quénia, que não têm luz nem água corrente, ficam na mesma escala vital que os milionários americanos (30% dos quais são mais infelizes que o americano médio). As pessoas não tendem a perguntar-se “será que esta casa responde às minhas necessidades?”, mas, sim, “será que a casa dos meus vizinhos/amigos não é melhor que a minha?”. À medida que a classe média se aproxima dos que ganham mais, a sua felicidade tende a diminuir. Deixam de se sentir gratos pelo que têm e passam a concentrar-se apenas no que não têm.

É justamente este um dos obstáculos da gratidão. Quando olhamos à nossa volta e vemos pessoas com coisas que não conseguimos alcançar é mais natural sentirmos ressentimento. Focamo-nos naquilo que não temos em vez de apreciarmos o que possuímos.

   Talvez devamos reflectir nas palavras de Epicuro: "Não estragues o que tens ao desejares aquilo que não tens; lembra-te porém, de que aquilo que agora possuis, um dia já fez parte das coisas apenas sonhadas." 

 

Soube-me bem: A bola de berlim que comi na praia.

Foi inspirador: Folhear a revista Psychologies de Setembro.

Agradeço: A água do mar.

 

publicado por descobrirafelicidade às 16:42
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De Marta M a 31 de Agosto de 2009 às 23:50
Teresa:
Como disse a Nucha , por aqui encontramos textos que nos "agitam" por dentro. Por isso gosto de a visitar ;)
O que refere sobre estudos de níveis de felicicade é tão óbvio e, no entanto, como tudo o que tem essa qualidade, parece impenetrável para tantos...
Estranho desde sempre essas necessidades ficcionadas e esse encher a vida de pessoas, acontecimentos e coisas, não dando tempo para que nada assente...Sem tempo para dar sentido e, como bem dizes, estar grata por alguma coisa.
Sem dar o "peso" a cada acontecimento ou mesmo "coisa" que entra na nossa vida, começamos a achar toda a gente "igual" e a nossa "sede material" nunca fica saciada com nada.
Fica-se sem futuro, acho.
De descobrirafelicidade a 1 de Setembro de 2009 às 18:15
Marta
E é tão bom receber a sua visita... Tenho ficado mesmo feliz com esta troca enriquecedora que se tem estabelecido consigo e com a Nucha.
É como diz: "A nossa sede material nunca fica saciada com nada". Os desejos materiais são mesmo insaciáveis. E, no entanto, são justamente os aspectos não materiais da nossa vida os que mais contam. A ver se há uma consciencialização progressiva daquilo que realmente importa.
De Marta M a 1 de Setembro de 2009 às 22:18
Olá:
Agradeço então , novamente, o acolhimento. Vamos continuar a abusar da sua hospitalidade e moderação... se entrarmos em desacordo, promete?
Se fossem apenas os bens materiais que suportassem a minha vocação de professora...hoje não havia dinheiro que me pagasse tanto cansaço. A minha renovação de energias e motivação vem de pensar que todas as estratégias e documentação que me assolam se destinam (em parte) aos meus queridos alunos ;)
Obrigada por ouvir este meu desabafo ;)
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