Sexta-feira, 28 de Agosto de 2009

O "justo meio"

 

     

Em vez de sucumbir à tentação fácil de cuidar dos galhos, parte mais visível e agradável para olhar, é preferível cultivar a raiz da árvore, que tirando vida e alimento do mais profundo da terra enquanto cresce em direcção ao Céu, é a imagem perfeita da sabedoria chinesa, do seu senso de equilíbrio, da sua confiança no homem e no mundo.”

                                                                                                                             Anne Cheng

                                                     

                                 

 

                Zhong Guo é como se denomina a China em pinyin (a ortografia oficializada em 1973 pelas Nações Unidas, colocada à disposição dos não-chineses). Significa literalmente “país do meio” e os seus grandes pensadores teriam gostado, certamente, que fosse também o país do “justo meio”.

                Como nos diz Anne Cheng a tradução de Zhong é ao mesmo tempo nominal e verbal. “Enquanto substantivo é o caminho justo que comporta o lugar adequado e o momento propício, enquanto verbo, é o movimento da flexa que trespassa o coração do alvo.”

                Sinónimo de moderação e sincronização das acções humanas com as forças do Universo “o Meio não é um ponto equidistante entre dois termos, mas o pólo cuja atracção nos puxa para o alto.” Um pólo que cria na nossa vivência a vontade de nos aperfeiçoarmos cada vez mais.

                Para Confúcio o homem não é bom nem mau: Ele é simplesmente "aperfeiçoável". Quando nascemos somos como as pedras que os artesãos transformam, posteriormente, em objectos extremamente refinados. O homem define-se, justamente, pela capacidade de se aperfeiçoar até ao infinito. Há que cuidar das raízes para chegar ao céu.

 

                Soube-me bem: Caminhar e almoçar à beira-mar; chegar a casa, ligar o computador e sentir-me acolhida ao acolher a Marta e a Nucha.

                Foi inspirador: Receber o e-mail da Eduarda transbordante de energia e gosto pela vida; um bálsamo, pessoas como a Eduarda.

                Agradeço: O acolhimento que hoje senti.

 

      

publicado por descobrirafelicidade às 18:26
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5 comentários:
De Marta M a 29 de Agosto de 2009 às 22:48
Soube-nos bem estar na sua sala e saber-nos compreendidas ;)
Quanto às citações de Confúncio, que dizer?
São sempre perfeitas - não há outra palavra.
Esse possibilidade de nos aperfeçoarmos até ao fim dos dias é algoque dáalento e esperança e, há de ser por causa disso que eu nunca me paraliso nos maus exemplos e acredito que, cada um à sua medida, pode melhorar e, nessa melhoria, o mundo avança ;)
Optimista militante me confesso ;)
Abraço
De Nucha a 29 de Agosto de 2009 às 23:16
Teresa,
A sua sala foi muito agradável... obrigado por nos ter acolhido.De certeza que vamos voltar...
Quanto à citação que antecipa o post, fantástica!
É sempre mais fácil tratar dos galhos além de que é muito mais visível...mas muito mais inteiro é saber tratar das raízes. Não é assim que deveria ser a nossa vida?
Bom resto de fim de semana!
Abraço.
Nucha
De descobrirafelicidade a 31 de Agosto de 2009 às 16:41
Nucha
É mesmo isso Nucha. Sabe que além desta citação tenho guardada desde há um bom tempo uma outra a que recorro muitas vezes. Principalmente quando sinto alguma frustração relativamente ao meu trabalho. Vou partilhá-la consigo:
"A vida sempre me pareceu semelhante a uma planta que vive do seu rizoma. A parte que aparece acima da terra dura só um verão. Depois murcha - uma aparição efémera. Quando pensamos no crescimento e na decadência infindos da vida e da civilização, não podemos escapar à impressão de absoluta nulidade. No entanto, nunca perdi a sensação de algo que vive e dura sob o fluxo eterno. O que vemos é a flor que passa. O rizoma fica."
Carl Jung
Um abraço e boa semana para si
De Nucha a 31 de Agosto de 2009 às 18:04
Teresa,
Amei a partilha. Muito obrigada.
Abraço.
Nucha
De descobrirafelicidade a 31 de Agosto de 2009 às 16:29
Olá Marta
Então já somos duas optimistas (eu até tenho um projecto na minha escola que se chama justamente "Optimismo em construção"). Esta comparação que Confúcio faz do nosso trabalho de aperfeiçoamento com o do artesão que transforma, a pouco e pouco, uma pedra num instrumento refinado, esmerando-se até ao mais pequeno detalhe, diz-me muito. Acho que, realmente, quando nascemos somos esta matéria bruta e que para fazer emergir e dar forma às potencialidades que ela encobre, devemos proceder a um paciente trabalho de cinzelagem e polimento. Como diz Nathalie Chassériau, num livro que eu adorei e é uma das minhas referências, o nosso maior adversário neste trabalho de ourivesaria é a preguiça mental. Os nossos maiores aliados: a atenção, a disciplina e a perseverança.
Um abraço e desejo que se sinta bem na sua nova escola.

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