Quarta-feira, 30 de Setembro de 2009

Ganhar o tempo

 

        "O meu compromisso com a vida consiste em fazer com que o meu tempo, o tempo que me está reservado, reverta nas pessoas que amo através do tempo que lhes dedico. Perder o tempo é desperdiçar a minha capacidade de dar-me aos demais. Quando dou o meu tempo aos demais, quando lhes dedico o meu tempo, o meu tempo é infinito e a minha vida perdura ao longo do tempo."

                                                                                                   Ricardo Ros

 

      Soube-me bem: Sentar-me no banco do jardim perto da minha casa e misturar-me com o nevoeiro.

       Foi inspirador: Verdi.

                    

       Agradeço: A beleza do nevoeiro, das neblinas, das brumas.

 

        

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Domingo, 27 de Setembro de 2009

Um legado de esperança (continuação)

Envelhecer é um processo inexorável, mas em cujo ritmo e forma se pode intervir. Como nos diz João Lobo Antunes “as limitações da idade ou as dificuldades que experimentamos com o tempo são influenciadas pelas oportunidades que tivemos de interagir com outros, por novas experiências económicas e educativas, pela exposição ao stress físico ou social e pelos sucessos que vamos colhendo ao longo da vida.”

Envelhecer bem é um processo que se aprende e prepara desde a mais tenra idade. Manter a curiosidade, viver intensamente cada momento que passa, enriquecer interesses, cultivar o bom humor, praticar exercício físico, fazer uma alimentação equilibrada, treinar a memória, investir nas relações de amizade, planear, estabelecer objectivos (as metas dão sentido à vida) são factores – chave para uma longevidade saudável. 

 A sensação de finitude impede-nos de perder tempo. Este vale agora mais e reclama contra o desperdício.

Acredito que na sociedade do futuro os idosos voltarão a ser um valor de sabedoria e apaziguamento. “Viver-se-á mais devagar para se existir mais profundamente" como diz Fernando Dacosta.

Uma longevidade saudável é possível como um legado de esperança.

 

Soube-me bem: O curso que iniciei ontem no Museu do Oriente. Aprender, aprender sempre, é das coisas que me dá maior bem estar. 

Foi inspirador: O post da Joana "Envelhecer com um sorriso" - caminhoparaaliberdade.blogs.sapo.pt/28393.html - foi ele que inspirou o meu post de hoje.

Agradeço: Tudo o que me tem sido ensinado, todas as oportunidades de aprendizagem.

 

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Um legado de esperança

 


“Qualquer que seja a extensão do período de vida plena, gozada em completude de aptidões e capacidades, a verdade é que, como reconheceu Trotsky, a velhice é a coisa mais inesperada que nos acontece e, acrescentaria eu, nunca é fácil. Bette Davies dizia que “envelhecer não é para gente fraca.”

A velhice surge muitas vezes sorrateira, pé ante pé, e, subitamente, uma mirada de relance ao espelho, uma fotografia tirada à socapa ou a indiscrição de um “vídeo” revelam-nos os estragos do tempo, a articulação perra, o porte alquebrado, a expressão consumida, como lamentou Nemésio. Outras vezes, instala-se de forma brutal, como uma doença súbita, devastadora, frequentemente como consequência de um cataclismo emocional, que se abate sobre nós com o peso de um século (...)

A verdade é que, inevitavelmente, a expressão limitações da idade tem um sentido negativo, de perda, de progressivo cataclismo social. Por seu lado, limite de idade, tem uma imediata ressonância burocrática de imposição legal, de cessação de funções, de passagem à reforma. É curioso como a expressão reforma sugere a criação de uma outra forma, uma outra encarnação funcional, e na verdade os mais felizes nesse tempo são aqueles que de facto se re-formam.

O termo jubilação que se aplica a professores universitários e juízes, supõe alegria, que terá como dupla o consolo de chegar ao fim com a tranquilidade do dever cumprido e a alvorada de uma nova época em que, finalmente, se consegue fazer o que nunca fora possível antes. (…)

Há alterações qualitativas curiosíssimas que permitem olhar a velhice com optimismo. De facto, sabe-se hoje, desmentindo a noção clássica da invariabilidade do número de células nervosas, que a neuroplasticidade, ou seja, a capacidade de gerar novas células e estabelecer novas conexões nervosas, está presente em toda a vida. Esta capacidade de renovação depende em parte do grau de educação e da persistência em actividades mentais complexas.(…)

Como nota Baltes, há nos velhos um pragmatismo cristalizado, um apuramento da inteligência emocional e da sabedoria, atingindo muitas vezes o cume da excelência humana. Mesmo quando as capacidades declinam, desenvolve-se o que se chama “autoplasticidade adaptativa”, que conduz a uma optimização selectiva como compensação. (…) Aqueles que aplicam selecção, optimização e compensação como estratégias comportamentais sentem-se melhor com eles próprios. (…)

Uma outra descoberta das neurociências relativamente à memória é para mim fascinante. Embora a memória decline com a idade, os velhos retêm melhor as recordações que estão ligadas a experiências emocionalmente positivas que negativas, revelando assim uma espécie de sabedoria emocional. (…)

Quando o horizonte temporal parece encurtar-se, os objectivos orientam-se mais para o bem-estar psicológico e para aquilo que encerra valores emocionais positivos.”

                                                            Eco silencioso, João Lobo Antunes

 

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Sexta-feira, 25 de Setembro de 2009

Chesterton

“O teste da felicidade é a gratidão.”

 

                                                 G. K. Chesterton

 

G.K. Chesterton escreveu cerca de cem livros sobre fé, filosofia, biografia, poesia, análise social e política. Caracterizava-o um sentimento de deslumbramento perante a vida: Permaneceu, ao longo de toda a sua existência, maravilhado como uma criança pela presença de todas as coisas.

A sua gratidão manifesta-se em todos os seus escritos. Neles insiste continuamente em não dar por adquirido aquilo que somos, vemos e temos.

No seu livro Ortodoxia Chesterton diz-nos:

“O teste de toda a felicidade é a gratidão. As crianças ficam gratas quando o Pai Natal põe brinquedos ou doces na sua meia de Natal. Não deveria eu ficar agradecido ao Pai Natal quando ele coloca o maravilhoso presente que é ter duas pernas? Agradecemos às pessoas as prendas de aniversário… Posso expressar a minha gratidão por essa prenda de aniversário que é o nascimento?”

O que podemos fazer para ser felizes? Recuperar o espanto e a alegria pelas coisas comuns: Agradecer todos os dias a novidade de cada dia.

 

Soube-me bem: O banho de mar a meio da tarde.

 

Foi inspirador: Ler esta poesia de Chesterton:

 

                  "Uma vez encontrei um amigo

                   "Sou afortunado", disse, "foi feito para mim".

                    Mas agora encontro mais e mais amigos

                    que parecem ter sido feitos para mim

                     e ainda um e mais outro, feito para mim.

                     É possível que todos nós por toda a terra,

                    sejamos feitos um para o outro?"

 

Agradeço: Todos os amigos "feitos para mim."

 

 

 

 

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Domingo, 20 de Setembro de 2009

Muhammad Yunus

             Muhammad Yunus é o exemplo de um homem que encontrou a sua voz e inspirou outros a encontrar a deles: Apercebeu-se de uma necessidade humana e respondeu ao apelo da sua consciência, aplicando o talento e a paixão à satisfação dessa mesma necessidade.

Há cerca de 30 anos atrás, recém diplomado nos Estados Unidos, M. Yunus voltou para o Bangladesh. Quando saia da Universidade onde dava aulas de Economia sentia que todas as teorias económicas que ensinava, eram simplesmente “histórias de encantar”: Não tinham qualquer significado na situação de miséria das pessoas que o rodeavam. Com o desejo de fazer algo “para prolongar a vida ou adiar a morte, nem que fosse de uma só pessoa” começou a observar a vida dos habitantes da aldeia, situada junto ao campus universitário.

            O encontro com uma artesã de bancos de bambu vai mudar o rumo da sua vida. Após um longa conversa descobre que os rendimentos da artesã, pelos seus bonitos bancos , não excediam uns escassos cêntimos de dólar por dia. Devido ao facto de não ter dinheiro para comprar o bambu, que custava 20 cêntimos, esta mulher tinha de pedi-lo emprestado a um negociante que impunha, como condição, que o produto lhe fosse vendido em exclusivo, ao preço que ele estipulasse.

            Muhammmad Yunus pergunta-se se não há nada que se possa fazer para evitar o sofrimento de pessoas por apenas 20 cêntimos. Com os seus alunos percorre a aldeia e verifica que existem 42 pessoas nas mesmas condições. Sentiu-se envergonhado de fazer parte de uma sociedade que “não podia facultar uns meros 27 dólares a quarenta e dois esforçados seres humanos com tão elevada aptidão profissional”.

            Depois de ter dado do seu bolso os 27 dólares a estas pessoas, dizendo-lhes que se tratava de um empréstimo e que elas podiam reembolsá-lo quando pudessem, foi à agência bancária do campus universitário, sugerir que fossem concedidos empréstimos às pessoas necessitadas da aldeia. A resposta que tem é: “O senhor está louco! Não é possível! Como é que podemos emprestar dinheiro aos pobres? Essa gente não merece crédito.”

            O pagamento na totalidade do empréstimo, que concedera aos aldeãos, deu-lhe a prova que achava suficiente para que fosse concedido crédito àqueles que mais necessitavam, mas não. Disseram-lhe que se tratava de um caso isolado e que o queriam apenas enganar.

            Após uma luta em que sempre se deparou com a intransigência do Banco, tomou uma decisão: Criar um banco diferente. Levou dois anos a convencer o governo, abrindo a 2 de Outubro de 1983 o Grameen Bank.

            Yunus encontrou a sua voz e inspirou outros a encontrar a deles: O movimento do micro crédito está actualmente a estender-se por todo o mundo.

 

                    Soube-me bem: Chegar a casa, ontem à noite, depois de ver o filme "Abraços desfeitos" e ouvir Caetano Veloso.

                      Foi inspirador: Almodóvar... É sempre, mesmo neste filme nada inovador, Almodóvar é um cineasta que me leva do choro ao riso em segundos e me transporta ao mundo das emoções.

                        Agradeço: O azul do céu.

 

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A voz

                “A Voz é a expressão única de uma pessoa – expressão que se manifesta à medida que enfrentamos os grandes desafios que nos são propostos e que nos coloca à altura desses mesmos desafios.

                A voz encontra-se na interconexão do talento (dons naturais e aptidões), com a paixão (aquilo que, naturalmente, produz excitação e entusiasmo, que motiva e inspira as pessoas), com as necessidades (que permitem ao mundo manifestar as suas carências e retribuir quem lhas satisfaz) e com a consciência (aquela voz interior suave e calma que nos alerta para o que está correcto e nos impele a agir). Quando nos envolvemos num trabalho que está à altura das nossas capacidades e que desencadeia paixão – gerada por tal carência, à nossa volta, que nos sentimos em consciência, obrigados a satisfazer – é aí que aparece a voz, o chamamento à acção, a consciência moral.

                A visão surge à medida que as pessoas se apercebem de uma determinada necessidade humana, ouvem a consciência e seguem o impulso que as leva a tentar satisfazer tal necessidade."

                                                                                      Stephen Covey

 

Foi inspirador ler:  "Quando as pessoas se sentem motivadas por um grande objectivo, por um   projecto extraordinário, todas as suas energias entram em efervescência. A mente derruba qualquer barreira, a consciência expande-se em todas as direcções e a pessoa passa a viver num mundo novo, empolgante e maravilhoso."

                                                  THE YOGA SUTRAS OF PATANJALI

 

 

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Sexta-feira, 18 de Setembro de 2009

Os nós cegos da economia

 

  •        " Imagem ultra simplificada da natureza humana, partindo do princípio de que as pessoas são unicamente motivadas pelo desejo de maximizar o lucro.
  •       Princípio de que a solução da pobreza está na criação de empregos para todos – que a única forma de ajudar os pobres é proporcionar-lhes postos de trabalho. O único tipo de trabalho que a maioria dos livros de economia reconhece é o trabalho dependente.
  •       Não reconhecer a família como uma unidade de produção e o trabalho independente como uma forma de ganhar a vida. As pessoas deviam ter a opção de poder escolher entre o trabalho dependente e independente.
  •       Suposição de que o empreendedorismo é uma qualidade rara. Pelo contrário, a capacidade empreendedora é praticamente universal. A sociedade nunca deu às pessoas pobres uma base adequada para crescerem. Quando os pobres forem autorizados a libertarem a sua energia e criatividade, a pobreza desaparecerá rapidamente."                                                                             Muhammad Yunus

 

Para Muhammmad Yunus a principal tarefa de um programa de desenvolvimento é tentar despertar a criatividade que existe em cada ser humano. Na sua base  está a criação de um ambiente favorável que permita a cada ser humano explorar o seu potencial criativo.

 

No livro "Criar um mundo sem pobreza" M. Yunus fala-nos do talento nato de todos os seres humanos – o talento para sobreviver. Diz-nos que concentrou os seus esforços no que pudesse  possibilitar a concretização do potencial dos mais pobres. "Dar aos pobres acesso ao crédito permite-lhes pôr imediatamente em prática os talentos de que já dispõem – tecer, descascar arroz, criar gado e guiar um riquexó" (…).

 

(…) Decisores públicos, consultores internacionais e muitas ONG partem, normalmente, do princípio oposto – que as pessoas são pobres porque não têm aptidões. Baseados neste conceito, os seus esforços antipobreza começam por ser construídos em volta de elaborados programas de formação. Eles optam pela formação porque esse é o caminho que indicam as avaliações viciadas que tomam por princípio. Mas se vivermos tempo suficiente com os pobres, descobrimos que a pobreza se deve à incapacidade de retenção dos resultados do seu trabalho. Eles não têm qualquer controlo sobre o capital. Os pobres trabalham para benefício de outros que controlam o capital.

E porque é que isto acontece? Porque os pobres não herdam qualquer capital e porque ninguém, no sistema convencional, lhes dá acesso a capital ou a crédito (…).

(…) E quanto à formação profissional? A formação, per se, não tem nada de mal. Pode ser extremamente importante para ajudar pessoas a ultrapassar dificuldades económicas. Mas a formação pode ser dada apenas a um número limitado de pessoas. Para responder às necessidades de uma vasta massa de pobres, a melhor estratégia é deixar que as suas aptidões naturais se desenvolvam, antes de começar a ensinar-lhes aptidões novas. Conceder crédito aos pobres e deixá-los usufruir dos frutos do seu trabalho – muitas vezes, pela primeira vez na vida deles – ajuda a criar uma situação em que eles próprios sentirão necessidade de formação, começando a procurá-la e dispondo-se até a pagar por ela (embora, em grande parte das vezes, não mais do que a um preço simbólico). Nestas condições, a formação pode ser realmente importante e eficaz.”

   

        Estas palavras levam-nos a reflectir na nossa cegueira perante a energia e criatividade de todos os seres humanos e nos muros que são impostos à metade inferior da população mundial.

 

           Soube-me bem: Ter a tarde e noite livres nesta sexta-feira.

           Foi inspirador: Ir à livraria do meu bairro e folhear "O livro dos saberes".

           Agradeço: Todas as oportunidades que me têm sido concedidas.

 

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Terça-feira, 15 de Setembro de 2009

Harmonia

 

“No século VI antes de Cristo, os pitagóricos chamavam a atenção para a harmonia existente no Cosmos. Segundo a escola pitagórica os números são a causa material do universo e estão na base de um mundo regrado, ou com medida. A medida é encontrada na relação dos opostos e o princípio da harmonia é revelado exemplarmente na música. Assim, as relações musicais entre todos os seres do Universo são o modelo perfeito da harmonia. Qualquer corpo produz um som musical: tanto os terrestres, como os celestiais. Nós não a ouvimos, porque estamos tão habituados a ela, que não a conseguimos distinguir.

A alma humana também é harmonia, entre os elementos opostos que constituem o corpo, e vai transmigrando até atingir um grau de pureza que lhe permita a fusão com a unidade originária.”

Ana Cristina Alves


No seu livro “Uma viagem de muitos quilómetros começa por um passo” Ana Cristina Alves observa que a escola pré-socrática de Pitágoras, segundo alguns estudiosos, sofreu a influência do Oriente. Esta autora fala-nos de Huainanzi que “teve o mérito de desenvolver uma teoria da harmonia, ou ressonância mútua, que nos deixa olhar para a vida em termos musicais e muito afectivos, já que esta capacidade dos seres sentirem e darem resposta ao que sentem, é espontânea, quer dizer, situa-se a um nível intuitivo, ou mesmo, instintivo.”

É esta harmonia do Cosmos que nos permite falar em coincidências: “Os pequenos milagres em que Deus prefere ficar incógnito”. Quando olho para trás, a minha vida parece-me uma sucessão de pequenos e grandes milagres. Quando reflicto no puzzle da minha existência e observo as peças mais escuras, que na altura pouco sentido faziam, vejo agora como tudo se encaixa numa perfeita harmonia – a harmonia do Universo.

 

Soube-me bem: Toda a alegria que tenho sentido nestes últimos dias: No dia 11 o dia "mais que especial" do Afonso (quandodeusdeixoudeolhar.blogs.sapo.pt/6484.html )e ontem, a entrada do Tiago no curso que queria ( neste caso, diria, um dia mais que especial é pouco...). É uma felicidade enorme a que estou a sentir.

Foi inspirador: Ver as fotos que o meu amigo Pedro Lima me enviou da sua amiga www.flickr.com/photos/22185309@N03/show

Agradeço: Todo o caminho percorrido, toda a coerência do Universo, todos os milagres vividos.

 

 

 

 

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Sexta-feira, 11 de Setembro de 2009

O enigma do bandido

Do  livro "20 passos para a felicidade" de Jorge Bucay, eis "O enigma do bandido":

 

“Imagine que existe um banco que todas as manhãs credita na sua conta a avultada quantia de 86 400 euros. Nem mais, nem menos: 86 400 euros diários para seu usufruto, sem que ninguém lhe peça explicações, ou lhe exija que preste contas; 86 400 euros livres de impostos e para seu uso pessoal.

Imagine que a única restrição da conta bancária que lhe foi atribuída é o facto de, por uma incapacidade do sistema ou por uma decisão do donatário, não manter os saldos de um dia para o outro.

Todas as noites, ao bater da meia-noite, como acontecia com a carruagem da Cinderela, que se transformava de novo numa abóbora a conta bancária elimina automaticamente a quantia que tinha no seu saldo. Mais grave ainda, também se desvanece cada euro levantado da conta que não tenha sido gasto ao longo do dia.

Se não perder uma parte do saldo, fica-lhe o consolo de, no dia seguinte, lhe serem depositados novamente mais 86 400 euros, que poderá gastar como lhe aprouver. No entanto, não pode sentir-se demasiado seguro, porque não sabe durante quanto tempo se manterá esta dádiva.

Que atitude tomaria?

Certamente gastaria todos os euros e desfrutaria desse dinheiro com quem quisesse, claro.

-Cada um de nós – disse eu a Ricardo – possui essa conta e essa dádiva.

Todos os dias o banco do tempo coloca à nossa disposição 86 400 segundos e todas as noites o banco apaga o saldo e considera-o perdido.

O banco não aceita cheques pré-datados nem permite contas a descoberto.

Se não usarmos o depósito do dia, quem perde somos nós.”

 

Termino com as palavras do post de hoje do docerefugio.blogs.sapo.pt/:

"Que façamos de cada dia da nossa efémera existência uma vitória!"

 

Soube-me bem: O reenvio do e-mail do "Principezinho - pedacinhos" acompanhado   destas palavras da minha amiga Eduarda:

Há amizades feitas de distância

Que mesmo longe nos fazem rir ou chorar

Cada palavra ganha importância

Cada email pode algo transformar…

Pois apesar da distância se manter

Há alguém que de nós se está a lembrar.

 

Foi inspirador: Ler o post do "Doce Refúgio". Foi ele que me levou ao post de hoje.

 

Agradeço: À Nucha (http://treschavenasdecha.blogs.sapo.pt/) e Sheila (docerefugio.blogs.sapo.pt/) fazerem-me lembrar que:

Existir é celebrar a mágica oportunidade de viver a vida como um presente.

 

publicado por descobrirafelicidade às 09:57
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Terça-feira, 8 de Setembro de 2009

"Ter" e "Ser"

“TER” e “SER”

A aquisição de bens parece ser, hoje, o único meio de valorização pessoal. Para se ser reconhecido, é necessário ter. A felicidade parece passar exclusivamente pelo ter e não pelo saber ser e o saber fazer. Muitas vezes, na impossibilidade de fruição de um bem, o ser humano contenta-se com a sua posse. Eu sou o que tenho, o que consumo.

TER”

A filosofia do “ter” é intrínseca à sociedade à sociedade industrial, em que o desejo por dinheiro aparece muitas vezes como meio determinante de se ser reconhecido e aceite enquanto pessoa.

Uma manifestação do modo “ter” é a da apropriação. A atitude típica da era de consumo consiste em querer “engolir” o mundo inteiro.

O consumidor é um eterno bebé chorando pelo seu biberão.

A diferença entre os modos de existência “ter” e “ser” equivale à diferença entre uma sociedade centrada nas coisas e outra centrada nas pessoas.

“SER”

“Ser” é mergulhar na realidade de nós próprios, dos outros e do mundo à nossa volta.

A felicidade, diz Jung, consiste em estar bem connosco próprios e com os outros. Ao modo “ser” estão associadas a independência, a liberdade e a consciência crítica. A sua característica fundamental é ser-se activo, não no sentido duma actividade virada para o exterior, mas no sentido duma actividade interior, de utilização das suas potencialidades. Ser activo é expressar as faculdades, os talentos. Ser activo é desenvolver-se, amar e mostrar-se interessado.

Os jovens, o dinheiro e o crédito: Instituto do Consumidor (adaptado)

O nosso sistema político baseia-se, de facto, no crescimento económico, medido através do PIB, que cresce graças ao aumento do consumo.  Porém, um baixo nível de consumo não é, necessariamente, sinónimo de infelicidade. "As pessoas sabem quais são as verdadeiras fontes de uma felicidade duradoura (ter relações sólidas, aceitar o que se é, pertencer a uma comunidade), mas uma poderosa aliança de interesses políticos e económicos tenta desviá-las, fazendo-as gastar mais."

Devemos consciencializar-nos que uma economia de baixo consumo se impôe e reconhecer  a necessidade de mudanças no estilo de vida orientadas para a satisfação das verdadeiras necessidades humanas.

 

Soube-me bem: A manhã tranquila.

Foi inspirador: Ver o blog de Fernando Nobre - fernandonobre.blogs.sapo.pt/

Agradeço: A vinda do meu amigo Zé a este espaço.

 

publicado por descobrirafelicidade às 11:41
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