“O Tao que pode ser dito não é o Tao absoluto.”
Laozi
O Tao, este “princípio primeiro que tudo abarca e origina todos os fenómenos” é impossível de definir. É por “Caminho”, “Via”, “Corrente de vida” que a palavra tem sido traduzida. No entanto, contrariamente à “Via” budista em que a finalidade é chegar ao “Despertar” e contrariamente às três grandes religiões reveladas – judaísmo, cristianismo e islamismo – o Tao não é o objectivo final e não conduz à Verdade. O próprio caminho é o objectivo.
Apesar de ser impossível definir, todos o conhecemos. A nossa vida decorre harmoniosamente quando dele nos aproximamos e agimos de forma espontânea. Ao afastar-nos nada flui. Viver em harmonia com o Tao é estar integrado nele. O Tao faz-nos entender que fazemos parte da natureza e entregando-nos a ela, não há esforço, tudo flui espontaneamente.
Contrariamente ao que muitas vezes se crê, o Tao não é propriedade exclusiva do Taoísmo, mas sim do pensamento chinês na globalidade.
Conhecermos alguns dos princípios do Tao será um passo para encontrarmos o equilíbrio e a fluidez nas nossas vidas. E como nos diz Laozi (Lao Tse) “uma viagem de muitos quilómetros começa por um passo”. O objectivo deste post é o de darmos o primeiro.
1ª) “A única coisa que não muda nunca, é que tudo está sempre a mudar.”
Yi Jing (I Ching)
Tudo muda o tempo todo, nunca podemos tomar nada como adquirido. A lembrança de que a mudança é a essência da vida permite-nos relativizar aquilo que nos acontece, dado que tudo pode passar de um momento para o outro. Permite-nos ainda, não nos deixarmos invadir pelas emoções, pois sabemos que elas são passageiras. E por último, leva-nos a dar uma maior atenção às nossas relações com os outros, pois sabemos que elas estão em contínua evolução.
2ª) “Entre o sim e o não, a fronteira é bem ténue. O bem e o mal estão entrelaçados.”
Laozi
Qualquer coisa implica o seu contrário: É por isso que me recuso a fazer julgamentos. “Coroa” não é o contrário de “face”: trata-se de uma só e única peça que tem dois lados.
3ª) “O melhor dos homens é como a água,
que beneficia todas as coisas,
porém não compete com elas”
Laozi
A metáfora da água encontra-se em inúmeros pensadores chineses e é a imagem, por excelência, do Tao. Tal como a água de um regato busca e encontra o seu curso entre as irregularidades do terreno, assim se vai de encontro ao Tao. Se no seu caminho encontrar obstáculos, vai contorná-los, jamais renunciando à sua primeira vocação que consiste simplesmente em correr. É esta capacidade de adaptação que a torna invencível. A metáfora da água mostra-nos que o elemento mais humilde, mais insignificante na aparência, embora não resistindo seja ao que for, acaba por dominar as matérias mais sólidas – vence, cedendo. A água simboliza a forma como devemos existir: Na maior simplicidade, esquecer o ego, as ambições e desejos pessoais. Seguir o curso natural das coisas, escutar o Tao.
Soube-me bem: Explorar o blogue de Pierre Rabhi. Vale, realmente, a pena fazê-lo. Para quem não conhece este pensador, aqui está, no nosso idioma, um pouco do seu percurso de vida.
Qu'est ce que vivre ?
Par Pierre Rabhi
Chacun doit travailler en profondeur pour parvenir à un certain niveau de responsabilité et de conscience et surtout à cette dimension sacrée qui nous fait regarder la vie comme un don magnifique à préserver. Il s’agit d’un état d’une nature simple : J’appartiens au mystère de la vie et rien ne me sépare de rien. Je suis relié, conscient et heureux de l’être. (…)
(…) il faut se mettre dans une attitude de réceptivité, recevoir les dons et les beautés de la vie avec humilité, gratitude et jubilation. Ne serait-ce pas là la plénitude de la vie ?
Agradeço: A energia que a natureza me oferece, o quanto me inspira, o quanto me surpreende.
PROPONHO PARA REFLEXÃO:
“Há quarenta e cinco anos que oriento o meu percurso em torno desta questão: Como me colocar ao serviço da vida, deste planeta cuja beleza não cessa de me cortar a respiração?”
Pierre Rabhi