"Entre os gestos do mundo
Aceitei a dádiva das portas.
Vi-as na luz
Seladas, entreabertas
Virando as suas costas
Cor de raposa
Porque as fizemos
Se nos tornam prisioneiros?"
Gabriela Mistral
"A felicidade consegue-se quando o que pensamos, dizemos e o que fazemos está em harmonia." (Gandhi) - Chama-se a isto coerência.
Estar de acordo connosco próprios implica a capacidade de nos afirmarmos e agir conforme aquilo que pensamos ser justo, bom para nós e para os outros: Exprime esse sentimento de bem-estar que se consubstancia num actuar de acordo com os nossos valores pessoais, com as nossas convicções.
Não trair, não fugir às responsabilidades, ir ao encontro de alguém que está necessitado… Estes são alguns dos valores essenciais que nos ajudam a sentir integrados quando os respeitamos; valores morais que escolhemos, mais ou menos conscientemente, para sermos melhores seres humanos. Embora os ideais variem para cada um de nós, acabam por se basear na fidelidade, lealdade às nossas ideias, amizades e amores.
A coerência connosco implica saber dizer “não”, desvincular-se de projecções/ expectativas parentais e normas sociais, respeitar a singularidade, decepcionar às vezes, saber enfrentar riscos, procurar aquilo que se esconde atrás dos nossos medos e inibições, “sermos nós”.
Há que lembrar que viver esta coerência não significa, forçosamente, viver em harmonia permanente – a coerência interna é um movimento, não um estado. É aceitar a complexidade, às vezes desconfortável, da nossa humanidade, as nossas contradições internas. E ao deixar emergir os nossos valores essenciais, autorizando-nos a vivê-los sem medo de julgamentos, encontraremos uma alegria interior profunda: O bem-estar do nosso equilíbrio emocional, a felicidade de nos sentirmos bem na nossa pele.
Fonte: Psychologies, nº 295
Soube-me bem: Ouvir Norah Jones.
Agradeço: A minha autonomia interior.
PROPONHO PARA REFLEXÃO
A partir de uma lista de momentos da sua vida em que se sentiu bem interiormente tente encontrar um ou mais aspectos comuns (silêncio, contacto com amigos ou com a natureza…). Construa o seu “bilhete de identidade” interior, o qual o/a ajudará a actuar, no seu quotidiano, mais de acordo com as suas necessidades pessoais, com o seu ser profundo.